
Técnico-administrativos da Uerj realizaram uma grande manifestação no Hall do Queijo para cobrar as demandas represadas da categoria, nesta terça-feira (15/04). O ato culminou com a ida dos trabalhadores até à Reitoria para levar sua insatisfação e exigir respostas da Administração da universidade sobre o andamento das reivindicações.

Durante a concentração do ato, ainda no Hall do Queijo, diversos pronunciamentos ressaltaram as dificuldades de sobrevivência enfrentadas pelos servidores em virtude da defasagem salarial e da suspensão do pagamento dos auxílios Saúde e Educação. A coordenadora geral do Sintuperj Regina Souza lembrou que a Reitoria assumiu compromissos durante a campanha eleitoral os quais não está cumprindo. Afirmou ainda que prometer [durante campanha eleitoral] é fácil, mas que desculpas para não efetivação de direitos não enchem a barriga de ninguém.
Fazendo menção a embaraços que a categoria tem enfrentado dentro da própria universidade, o delegado sindical Sintuperj/Hupe Jorge Luís Mattos (Gaúcho) recordou que no ano passado solicitou no Conselho Universitário (Consun) que as contas da universidade fossem mais bem publicizadas a fim de a comunidade universitária ter total ciência da execução orçamentária. A requisição ainda não ocorreu, gerando nova solicitação de Gaúcho, que também é conselheiro universitário, na última sessão do Consun. Além disso, ele citou a não majoração do auxílio excepcional para R$ 1.500,00, também aprovado no Consun, em 2024, e a composição do quadro de trabalhadores do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) por 50% de não concursados, classificados como “pesquisadores” como forma, de acordo com o delegado, de burlar as leis trabalhistas.
Os técnicos receberam o apoio da Diretoria da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj), representada pela presidente, Amanda Moreira, pela 1ª vice-presidente, Cleier Marconsin e pelo 2º secretário, Leandro Moura.
Amanda se solidarizou com a luta dos técnicos e enfatizou a unidade dos trabalhadores ressaltando a luta pelas recomposições salariais não pagas em 2023 e 2024. Enquanto Cleier ratificou que a carta compromisso assinada pelas chapas concorrentes à eleição para a Reitoria não é apenas para ganhar o processo eleitoral.
A coordenadora Cassia Gonçalves conclamou os servidores a demonstrarem toda a sua indignação na Reitoria e afirmou que não adianta a Reitoria receber uma comissão, e sim falar com todo o movimento. Enfatizou a necessidade de os servidores priorizarem a reformulação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), que se encontra parado na Casa Civil à espera de envio pelo Executivo para a Assembleia Legislativa, pois a proposta soluciona a demanda referente à inclusão dos auxílios nos contracheques e o seu pagamento aos aposentados.
Após as falas, os servidores se dirigiram até o corredor da Reitoria sob grande apitaço. Com as portas que dão acesso à Reitoria fechadas desde o início da manifestação, eles foram recebidos pelo reitor em exercício, Bruno Deusdará, a quem cobraram explicações sobre as demandas pendentes.
Bruno afirmou que a Reitoria tem trabalhado em várias frentes para atender as demandas dos técnicos da Uerj, listou alguns direitos efetivados pela atual gestão da universidade, como a majoração do auxílio excepcional de R$ 602,00 para R$ 900,00, a criação de um espaço de atendimento de Saúde emergencial para a comunidade universitária e a assinatura de um ato executivo que garante progressão na carreira em 2025 sem a necessidade de apresentação de curso no Capacit.
No entanto, sobre as demandas prioritárias que abarcam a totalidade [ou quase] da categoria – auxílios Saúde e Educação, reformulação do PCCS, majoração do auxílio alimentação – ele, uma vez mais, atribuiu o não andamento das pautas às restrições do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), explicando ainda que alguns direitos conquistados por outros órgãos estaduais, como o auxílio Saúde pelo Cecierj, se deveu ao fato de o orçamento estar dentro dos limites impostos pelo RRF.
Os servidores não aceitaram as respostas já conhecidas e lembraram da minuta de Ato Executivo que cria o Programa de Incentivo ao Planejamento, Gestão e Avaliação Acadêmicos da UERJ (PIPGAA) e a concessão de 220 bolsas, no valor R$ 2.200,00 cada. Sobre isso, Deusdará afirmou que existe uma “dívida com os coordenadores de graduação e de pós-graduação”. A fala irritou ainda mais os técnicos que, obviamente, questionaram sobre as dívidas com a categoria técnico-administrativa.
Como se não bastasse, quando alertado pelo delegado sindical Gaúcho sobre a necessidade de se abortar a ideia de concessão de bolsas a docentes enquanto os técnicos padecem com direitos suprimidos, o vice-reitor não deu nenhum sinal de que o faria. E mais uma vez invocou o Regime de Recuperação Fiscal para justificar a estagnação das demandas dos técnicos.
Diante da resposta insatisfatória, os servidores conclamaram toda a categoria para manter-se unida e mobilizada nas assembleias, conselhos universitários e atos públicos. Sobretudo para a próxima assembleia da categoria, no dia 29/04.