Por Regina Souza, coordenadora geral do Sintuperj
A mulher Negra e sua luta por equidade de gênero e raça
A luta da mulher negra no mundo é marcada por resistência, força e a busca por direitos em meio a um contexto de opressões históricas, raciais e de gênero. Ela carrega uma herança histórica de desigualdades, especialmente devido à escravidão, colonização e ao racismo estrutural. Diferentemente de outras mulheres, ela enfrentou (e ainda enfrenta) discriminação interseccional: por ser mulher e por ser negra. Durante séculos, as mulheres negras foram relegadas a trabalhos desvalorizados e violentamente exploradas, como o trabalho doméstico e a lavoura, além de terem sido sexualizadas e desumanizadas.
A luta por equidade de gênero e raça para mulheres negras no Brasil e no restante do mundo é uma batalha multifacetada, enraizada na interseção entre racismo e o sexismo, com profundas raízes históricas que remontam à escravidão. Mulheres negras enfrentam desafios únicos, que exigem estratégias de enfrentamento que abordem tanto as desigualdades raciais quanto de gênero.
No Brasil, a luta das mulheres negras é uma história de resistência e resiliência desde os tempos da escravidão, onde desempenharam papéis cruciais na luta contra a opressão, como as quitandeiras, mulheres majoritariamente negras – escravas ou libertas – que vendiam alimentos em tabuleiros, tanto de forma ambulante quanto em mercados e feiras. Elas desempenharam um papel crucial no abastecimento de gêneros alimentícios, especialmente em regiões como Minas Gerais durante o ciclo da mineração, onde a corrida pelo ouro dificultava o acesso à comida.
Assim como elas, outras mulheres lutaram e lutam até hoje contra as diversas estruturas de dominação atuais. Um movimento que no contexto atual é denominado decolonização, movimento crucial que busca combater as estruturas de poder coloniais que tentam perpetuar desigualdades.
Mesmo sendo o gênero mais oprimido, a mulher negra está integrada à luta para desconstrução da visão eurocêntrica do mundo e valorização dos conhecimentos e experiências de povos e grupos marginalizados.
É urgente:
Amplificar as vozes e dar luz às histórias das mulheres negras;
Aumentar sua participação política em espaços de tomadas de decisões, assim como na produção de conhecimento;
Exigir políticas públicas que abordem verdadeiramente as desigualdades sociais e que sejam eficazes para minimizar as desigualdades raciais e de gênero;
Promoção da vida e da organização social que possam desafiar as estruturas coloniais.
A perspectiva decolonial é fundamental para a luta das mulheres negras pois subverte a colonialidade do poder, do saber e do ser, que são sistemas de dominação estabelecidos durante o período colonial, e que continuam a impactar as relações sociais na atualidade. Esse deve ser um processo contínuo de resistência e transformação social que busca construir um futuro mais justo e igualitário para todas nós, mulheres negras.
O Sintuperj saúda todas mulheres negras da UERJ e da UENF. E em nome delas saúda todas as mulheres negras que são e as que viram.