Nós, servidores técnico-administrativos da Uerj, reunidos em Assembleia Geral Extraordinária promovida pelo Sintuperj – Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais no Estado do Rio de Janeiro – em 09 de maio de 2024, encaminhamos e aprovamos moção em apoio à população do Rio Grande do Sul que está sofrendo com as consequências da crise climática e com uma catástrofe de enormes proporções.
O atual cenário do Rio Grande do Sul é de calamidade. As fortes chuvas que atingiram o Estado no último mês de maio provocaram uma inundação de proporções gigantescas, naquela que pode ser considerada a maior catástrofe ambiental do Sul do Brasil. Ao todo foram afetados 445 municípios, deixando mais de 71 mil pessoas desabrigadas e quase 340 mil desalojadas. O número de óbitos já ultrapassou 135 pessoas, além de também haver 125 desaparecidos (números atualizados em 13/05/2024, tendo como base levantamento feito pela Agência Brasil de Comunicação).
Pode parecer que toda essa catástrofe tem como base apenas um evento climático isolado, mas a ação predatória do neoliberalismo na política econômica brasileira é uma das principais responsáveis para que esse quadro de caos e destruição aconteça de maneira cada vez mais recorrente. A falta de investimentos públicos é visível nas áreas de planejamento urbano, manutenção de sistemas pluviais e prevenção de desastres. Os recursos que deveriam ser empregados nesses setores são cada vez mais asfixiados pela política de déficit zero buscada pelo Governo Federal e imposta severamente aos estados e municípios. Vale lembrar que o Estado do Rio Grande do Sul, assim como o Rio de Janeiro, também está sob a égide de um Regime de Recuperação Fiscal draconiano e que impede todo e qualquer investimento nas áreas mais necessárias e urgentes para a população.
Também é preciso avaliar que a catástrofe climática que se abateu sobre o povo gaúcho não foi por falta de aviso. Os especialistas da área climática já haviam emitido alertas recorrentes desde o mês de dezembro de 2023 que poderia haver uma chuva de enormes proporções do Estado e, como sempre, os avisos daqueles que se baseiam na ciência foram sumariamente ignorados pela classe política e pela elite econômica do Rio Grande do Sul. Entender a importância da prevenção também é entender a importância do método científico, é necessário e imperativo que os pesquisadores e seu trabalho sejam levados a sério.
O povo do Rio Grande do Sul necessita neste momento que todos os esforços sejam empreendidos para reverter o quadro de calamidade e o Governo Federal, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e as prefeituras das cidades atingidas não devem medir esforços financeiros para reconstruir os territórios tendo como principal meta a qualidade de vida da população.
Rio de Janeiro, 09 de maio de 2024
Assembleia dos Servidores Técnico-Universitários da Uerj
