Ricardo Boechat: discordâncias à parte, um exemplo profissional

O Jornalismo brasileiro perdeu um de seus maiores nomes. Ricardo Eugênio Boechat, ou Ricardo Boechat como era conhecido, deixou órfãos todos os profissionais da área e espectadores que enxergavam em seus incisivos comentários um defensor de uma sociedade mais justa e humana.

Obviamente, como ocorre com todo ser humano, suas opiniões nem sempre estavam totalmente de acordo com o que defendemos. Não foram poucos os momentos em que esta referência na arte do fazer jornalístico lançou questionamentos às manifestações públicas empreendidas por servidores públicos, notadamente os do Estado do Rio de Janeiro, que nada mais pleiteavam além do recebimento de seus salários atrasados e condições mínimas de vida e de trabalho, a fim de cumprir sua missão de prestar um serviço público de qualidade.

Suas críticas aos privilégios existentes em determinados setores do funcionalismo eram sempre enriquecedoras acerca de injustiça social que, assim como no restante da sociedade, também foi imposto entre os servidores públicos. No entanto, variavelmente, elas pecavam por não estabelecer as devidas distinções. Como se todas as categorias do serviço público vivessem um mar de mordomias ante o sofrimento da população geral, por exemplo, em escolas e hospitais precarizados. O que os próprios atrasos salariais, entre outros percalços vividos pela massa dos servidores, evidenciam o inverso. Assim mesmo, não poderemos nunca deixar de reverenciar as linhas de raciocínio empreendidas nos discursos de Ricardo Boechat. Capazes de deixar em dúvida até mesmo os mais convictos de posições contrárias.

Iniciou sua carreira como repórter no extinto jornal Diário de Notícias, na década de 1970. Teve passagens pelos mais renomados meios de comunicação de massa, como O Globo, O Dia, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Desde de 2004, estava no Grupo Bandeirantes de Comunicação, onde atualmente apresentava programas de rádio, um telejornal noturno diário, além de comandar programas de debates, inclusive eleitorais. Foi um dos jornalistas mais premiados e respeitados em todo o mundo. Sendo convidado em diversas ocasiões como representante brasileiro em convenções jornalísticas internacionais.

De um jornalista com tamanha experiência, e reconhecidamente dotado de grande inteligência e sarcasmo, seria difícil afirmar qual o seu maior legado para o Jornalismo. Porém, foi de extrema relevância para esta profissão a luta por um jornalismo inconformado com as respostas simplistas das versões oficiais. Na mesma linha, também foi de grande importância a sua defesa por um jornalismo mais crítico. Sobretudo no tocante à atuação dos âncoras de telejornais.

A Ricardo Boechat, fica o reconhecimento do Sintuperj pelos serviços prestados ao Jornalismo mundial, o reconhecimento de um profissional de qualidade que deixou sua marca na História e uma legião de admiradores!