A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi condecorada pela Uerj com o título de Doutora Honoris Causa, nesta quarta-feira (28/05). Maior honraria da universidade, o título é concedido a personalidades que se destacam pelo conhecimento e relevantes contribuições para a cultura, a educação e a humanidade. Sua concessão foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consun) e pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Csepe).
Sônia foi a primeira indígena na história a ser agraciada pela distinção, assim como também fora a primeira deputada federal indígena, eleita por São Paulo em 2022. A ministra e líder indígena é formada em Letras e em Enfermagem, especialista em Educação especial pela Universidade Estadual do Maranhão.
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo, ressaltou a trajetória de luta de Sônia na defesa dos Povos indígenas – combatendo violações de direitos e lutando pela demarcação de territórios – e do Meio Ambiente, incluindo participações no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e em conferências mundiais do clima no Parlamento europeu. Ela reiterou que os povos indígenas são produtores de conhecimentos científicos, de saberes e práticas culturais, fundamentais para a pluralidade e a construção de uma sociedade mais justa e soberana.
Sônia afirmou que o título de Doutora Honoris Causa é o reconhecimento da trajetória coletiva dos povos indígenas do Brasil e restante do mundo. De acordo com ela, a Uerj teve esse reconhecimento muito antes de outras universidades, ao ser a pioneira, há mais de duas décadas, na instituição da política de cotas raciais e sociais, reconhecendo que o mérito acadêmico não pode ser dissociado das desigualdades estruturais do país. Com isso, possibilitou a negros, indígenas e periféricos ocuparem lugares de produção de conhecimento e transformação social. Ela dedicou a honraria a sua mãe e seu pai, que foram os grandes incentivadores de que os filhos buscassem formação apesar de serem analfabetos, bem como a sua tia.
Durante a cerimônia, a agraciada recebeu homenagens com apresentações culturais que remetiam às tradições indígenas, inclusive de uma ex-aluna e hoje voluntária do Pré-vestibular Social do Sintuperj de ascendência indígena e integrante do Coletivo de indígenas da universidade: a estudante de Pedagogia da Uerj Raíssa Maria.
Solidariedade à ministra Marina Silva
Durante o evento, Gulnar Azevedo e Sônia Guajajara enfatizaram sua solidariedade à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em virtude dos ataques sofridos no dia anterior no Congresso, classificado as ações misóginas e machistas, que ataca todas as mulheres, que possuem o mesmo direito a voz e devem igualmente ocupar cargos de liderança. Ambas as manifestações foram amplamente aplaudidas.
Pelo Sintuperj, estiveram presentes ao evento a coordenadora geral Cassia Gonçalves, a coordenadora de Saúde e Segurança do Trabalhador, Simone Damasceno, o coordenador Social, Cultural e Desportos, Sérgio Dutra e o coordenador de Formação e Comunicação Sindical, Carlos Alberto Silveira.