Resultado da manifestação realizada pelos técnico-administrativos momentos antes, a Reitoria da Uerj dialogou com a categoria no Auditório 11, na manhã desta quarta-feira (15/05). Dando início às cobranças de reivindicações, a coordenadora geral do Sintuperj Cassia Gonçalves reforçou que a categoria está há quase quatro anos lutando pela reformulação do plano de carreira e há mais de um ano sem receber os auxílios saúde e educação, além de demandas internas já amplamente conhecidas. Ela demonstrou preocupação com o andamento das pautas tendo em vista a proximidade do ano eleitoral: 2026.
Ressaltou que a reformulação é a principal pauta da categoria, mas que os auxílios também fazem grande falta por representarem até 50% dos vencimentos. E defendeu a necessidade de um trabalho intenso e em conjunto de Reitoria e técnico-administrativos para a consecução das reivindicações o mais breve possível. Nesse sentido, os trabalhadores questionaram quais medidas podem ser adotadas em conjunto para fazer avançar a conquista de melhores condições de trabalho.
A possível concessão de auxílio refeição, via cartão e sem vínculo com o contracheque, foi uma das preocupações levantadas pelos servidores devido à fragilidade do benefício, bem como o uso dele em estabelecimentos de compras. A Reitoria também foi questionada sobre a demora na efetivação de direitos conquistados pela categoria, como progressão na carreira, em decorrência da burocracia universitária.
Os sistemáticos atrasos salariais envolvendo os trabalhadores terceirizados, assim como dos trabalhadores contratados do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), e a precarização de seus direitos também foram apontadas como situações que a universidade precisa colocar fim sob o risco de degradação da saúde desses profissionais e da prestação dos serviços à população.
O delegado sindical Sintuperj/Hupe Jorge Luís Mattos (Gaúcho) chamou a atenção para a importância do diálogo promovido pela Reitoria com os trabalhadores no Auditório. Ele reiterou a necessidade de resolução do processo de regressão de técnicos aposentados da categoria T2 para T1 pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), inclusive como forma de impedir que os ativos também sejam atingidos pela medida e vejam seus rendimentos reduzirem drasticamente.
Coordenador de Formação e Comunicação Sindical, Carlos Alberto Silveira defendeu que a Reitoria tenha a coragem de comprar a briga política de, ao invés de tentar conceder o valor de R$ 500,00 na forma de cartão refeição, que defenda a sua inclusão no auxílio alimentação. Afirmou ainda que a categoria, a Procuradoria Geral e o Sintuperj certamente encampariam a empreitada.
Palavra da Reitoria
Reitora da Uerj, Gulnar Azevedo afirmou que a Reitoria não abdicou da luta pela majoração do auxílio alimentação, apesar de ter sido embarreirada pela Comissão do Regime de Recuperação Fiscal (Comissarf) devido ao alto valor orçamentário, em virtude da grande quantidade de servidores. E que a opção pelo cartão refeição se deve ao fato deste pleito ser de mais fácil consecução, já que a majoração do auxílio alimentação tem de ser feito por lei.
Ressaltou que tem mantido diálogos constantes com o Governo sobre diversas demandas da categoria, muitas com a presença da Direção do Sintuperj, mas que a Uerj depende do Estado para conseguir os recursos que garantam a efetivação de direitos. E que em todas as ocasiões enfatiza que os salários dos servidores da Uerj estão defasados. Alegou ainda que a promessa de campanha foi de “lutar pelos auxílios”, e que assim tem trabalhado. Explicou ainda que a Reitoria está tentando formas de dar maior segurança aos trabalhadores contratados do Hupe.
Explicou que o Governo ainda aguarda a resolução dos vetos presidenciais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) para que o Estado adira ao programa e tenha maiores margens orçamentárias.
Por fim, ratificou que os trabalhadores devem se engajar nessa luta com mobilizações nas ruas. Cassia reiterou que o Sintuperj e a categoria técnico-administrativa tem participado de inúmeras mobilizações de rua, inclusive com o Fórum Permanente dos Servidores Públicos Estaduais (Fosperj).
O vice-reitor da Uerj, Bruno Deusdará, afirmou que os servidores públicos são trabalhadores que têm de lutar a vida inteira, mas que nem sempre as coisas acontecem quando se quer. Ele ressaltou que a Administração da universidade tem se debruçado para resolver ou, ao menos, amenizar a defasagem salarial dos servidores. Afirmou que a Administração procurou informar-se sobre como outros órgãos do Governo conseguiram o cartão refeição, e ressaltou a importância de o Estado aderir ao Propag, uma vez que ele acaba com as vedações impostas pelo RRF, enfatizando a importância da unidade para fortalecer a luta pelas reivindicações. Garantiu ainda que até o início da semana que vem a Uerj enviará o recurso institucional ao TCE, que se somará às defesas individuais, para cessar e reverter a regressão de técnicos aposentados de T2 para T1.
Por fim, Cassia defendeu a definição de estratégias políticas, inclusive com o lobby junto à Assembleia Legislativa, para efetivar as emendas de prioridade aprovadas pelo Legislativo em dezembro de 2024, realocando recursos de outros órgãos para o pagamento dos auxílios saúde e educação para os servidores da Uerj. De acordo com ela, os parlamentares precisam ser mobilizados nesta luta, principalmente o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que tem muita influência no atual Governo. Reafirmou a necessidade de conseguir formas de pressionar o Governo e de obter agenda com ele.
Dia D de Lutas
Antes do diálogo entre servidores e Reitoria, os técnico-administrativos promoveram uma manifestação no hall do queijo, onde ressaltaram as demandas represadas da categoria.
Em seguida, caminharam até à Reitoria, com apitaço, para cobrar explicações à Administração da universidade.
Após a categoria reivindicar a presença da Reitoria, os manifestantes foram avisados de que a Administração Central da universidade os receberia no Auditório 11.