Foi realizado na noite da última segunda-feira, dia 30/10, o debate com as candidaturas à reitoria da Uerj. O evento, que ocorreu na Capela Ecumênica, campus Maracanã da Universidade, foi promovido pelo Sintuperj, pela Asduerj (Associação dos Docentes da Uerj) e pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes), e teve como objetivo apresentar para as categorias as propostas de cada chapa candidata para a gestão da Uerj no quadriênio 2024-2027.
Participaram do debate as três chapas concorrentes à reitoria da Uerj. A Chapa 10 – A Uerj é mais, a Uerj é 10!, foi representada por Gulnar Azevedo, candidata à reitora, e Bruno Deusdará, candidato a vice-reitor. A Chapa 20 – Renova Uerj, foi representada por Maria Isabel de Castro, candidata à reitora, e por Jacques Dias, candidato a vice-reitor. E a Chapa 30 – Uerj que muda vidas, foi representada por Mario Sergio Carneiro, candidato a reitor, e Lincoln Tavares, candidato a vice-reitor.
O debate foi mediado pelo professor Dario de Sousa e Silva Filho, 1° secretário da Asduerj e membro da Comissão Organizadora. A dinâmica foi definida previamente entre as entidades organizadoras e contou com sete momentos distintos, a abertura e outros seis blocos: apresentação das chapas; questões dirigidas pela comunidade uerjiana; questões dirigidas entre as chapas; análise e considerações sobre temas de interesse geral; perguntas gerais para todas as chapas enviadas pela plateia presencial; e considerações finais. Por cerca de cinco horas os representantes das chapas estiveram de frente a uma plateia lotada e ativamente participativa, para a qual colocaram seus projetos para a universidade à prova.
As eleições gerais para a reitoria, centros setoriais, e diretorias das unidades de saúde e unidades acadêmicas da Uerj será realizada nos dias 07, 08 e 09 de novembro. Outras informações sobre o pleito podem ser conferidas em https://www.uerj.br/eleicoes/eleicoes-gerais-2023/.
Confira os principais momentos do debate:
Apresentação das chapas
O primeiro momento do debate foi o de apresentação das chapas, com cada uma delas tendo sete minutos para se apresentar à comunidade uerjiana. A as três representações de candidatos utilizaram o tempo para avaliar a atual situação da Uerj e projetar caminhos para a universidade em diversos aspectos.
A primeira chapa a se apresentar foi a Chapa 20, o que foi definido por sorteio. Em seu tempo, a candidata Maria Isabel de Castro fez um discurso exaltando as pessoas que construíram a Uerj em sua história, ressaltou que a relação da universidade com os poderes Executivo e Legislativo precisa ser dinâmica, e apresentou pontos de seu programa de campanha como atualização do estatuto da universidade e reorganização das estruturas administrativas, dentre outras pautas.
A segunda chapa a se apresentar foi a chapa 30, e a fala ficou a cargo de Lincoln Tavares, candidato a vice. Em sua explanação, Lincoln exaltou a importância da construção de vínculos com todos os segmentos da casa, a promoção de políticas de inclusão, ampliação da pesquisa, da extensão e da cultura. Ao fazer uso da palavra, Mario Sérgio Carneiro relembrou os momentos de crise que a universidade passou, e nesse ponto a chapa defendeu o legado da gestão anterior e suas conquistas, para a qual a chapa representa a continuidade da gestão.
Finalizando as apresentações, a palavra foi passada para a Chapa 10, que iniciou sua explanação através da candidata Gulnar Azevedo, que fez um apanhado de sua trajetória na Uerj para ressaltar a importância de pensar naqueles que não puderam ter acesso à universidade. Gulnar exaltou também a união de todos os setores da Uerj para defender a universidade como patrimônio do Estado do Rio de Janeiro, e afirmou que tem o desejo de ser reitora para contribuir na construção democrática e transparente, em um projeto que foi dialogado com todas as unidades acadêmicas.
Questões dirigidas pela comunidade uerjiana
A abertura do segundo bloco do debate se deu com um questionamento feito pelo Sintuperj direcionado às três chapas, relativo à aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). A Chapa 20 respondeu apontando que será necessário o diálogo com todas as instâncias de poder para chegar a uma proposta a partir da proposta inicial formulada na Uerj. A chapa 30 exaltou a importância do projeto formulado pela Uerj estar no Governo do Estado e completou afirmando que a luta é para que o impacto do plano esteja fora do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). E a chapa 10 ressaltou a importância de aprovar o plano com ações práticas, como os representantes da chapa estão fazendo ao já estabelecer diálogo com parlamentares da Alerj para garantir os votos necessários para essa aprovação, além da adoção de mecanismos internos para estabelecer o diálogo com os poderes externos.
O segundo questionamento, feito pela Asduerj, foi relativo ao abandono da Uerj por parte do Estado, o que causou crise aguda na instituição, e foi feito um paralelo com as denúncias de supostas irregularidades na universidade e a decisão do Governo do Estado de não garantir a recomposição salarial para o ano de 2023 que havia sido acordada anteriormente. A chapa 20 destacou que a recomposição salarial, o pagamento dos auxílios dos servidores e outros assuntos ligados às carreiras precisam ser debatidos com o Governo do Estado e o Poder Legislativo, mas com autonomia e sem subserviência, buscando garantir esses direitos tanto para ativos quanto para aposentados. A Chapa 30 apontou que a Uerj adotou mecanismos de transparência e todos os supostos desvios estão sendo apurados, e ainda assim a instituição se tornou a maior promotora de desenvolvimento de políticas públicas no Estado. Finalizando, a Chapa 10 ressaltou que a Uerj não pode ficar exposta midiaticamente, o que pode fazer com que a instituição perca o apoio da população, e é papel da universidade garantir transparência de uma forma regulada.
O terceiro questionamento do bloco, formulado pelo DCE, foi relativo à garantia de manutenção das políticas de assistência estudantil. A Chapa 20 apontou que um caminho é o diálogo com o Governo do Estado para que a Uerj tenha liberação de verbas do Fundo de Combate à Pobreza, além do diálogo com o Governo Federal. A Chapa 30 apontou que desde o ano que 2020 investiu pesadamente em políticas de assistência estudantil, com diálogo direto junto ao Governo Estadual. E a Chapa 10 apontou que a assistência estudantil é uma pauta histórica, mas ressaltou que a luta não pode se resumir aos auxílios e bolsas, mas também com práticas de acolhimento e apoio psicossocial.
Questões dirigidas entre as chapas
Neste bloco, as chapas puderam apresentar questionamentos entre si, com a dinâmica de 30 segundos para a realização da pergunta, dois minutos para a resposta, um minuto para a réplica e um minuto para tréplica. Confira como foram esses embates de idéias:
Interação das chapas 10 e 20 – O início do bloco se deu com o questionamento da Chapa 20 para a chapa 10 sobre as obras prioritárias que estão pendentes em todos os campi da Uerj. Em resposta, a Chapa 10 classificou como lamentável a situação de espaços como o Haroldinho e o campus Vaz Lobo, e apresentou como proposta a criação de uma pró-reitoria de Planejamento e Gestão, para definir os critérios e mapear as prioridades. Já no segundo momento de interação entre as candidaturas, a Chapa 10 questionou a Chapa 20 sobre a nova sede do CAp-Uerj e as adequações necessárias no prédio. Em resposta, a Chapa 10 relatou que foram avaliadas dificuldades no espaço físico, e há uma tentativa de negociação para garantir essas reformas, pois é necessário garantir a estrutura para que a escola funcione plenamente. A Chapa 20 destacou que é possível atrair os recursos do Fundeb para essas reformas, pois o mesmo pode ser aplicado. E em um terceiro momento a Chapa 10 perguntou à Chapa 20 sobre os processos administrativos e o grande número de AEDAs emitidas pela atual reitoria. Em resposta, a Chapa 20 fez críticas à atual gestão sobre a administração de questões como o CAp, destacando que auxiliou enquanto foi subsecretaria. Na réplica, a Chapa 10 apontou que é necessário que a reitoria saiba a diferença entre AEDA e resolução do conselho, para que não haja qualquer tipo de manipulação política ou ameaça a qualquer das categorias.
Interação das chapas 10 e 30 – O início das interações entre as duas chapas se deu com um questionamento feito pela Chapa 10 para a Chapa 30 para que fosse feita uma avaliação do sistema de cotas. Em resposta, a Chapa 30 avaliou a política de cotas como a melhor possível, e também há a necessidade de ampliar cada vez mais esse direito conquistado através da luta dos movimentos sociais dentro da universidade. Na réplica, a Chapa 10 apontou uma redução do percentual de cotistas desde o início da política de cotas. Na segunda interação entre as candidaturas, a 30 perguntou para a Chapa 10 sobre a criação das superintendências de igualdade racial e gênero, e outra de inclusão e acessibilidade. Em resposta, a Chapa 10 destacou que entende que a reitoria da Uerj não conseguiu alcançar essas questões da maneira como deve ser feita, e é preciso ter práticas de acolhimento para essas questões. Na réplica, a Chapa 30 apontou que a administração central e as unidades acadêmicas estão fazendo esse trabalho de maneira coordenada, e não é “guetificando” essas questões que elas serão resolvidas, mas com uma abordagem ampla. Ainda houve uma terceira interação, na qual a Chapa 10 questionou a Chapa 30 sobre as dificuldades que as pessoas estão tendo em relação à saúde mental e como os candidatos podem colaborar para cuidar desse tema. Em resposta, a Chapa 30 destacou que esse trabalho já está sendo feito, com a criação da PR-5, e haverá a criação do Centro Integrado de Saúde que irá atender docentes, técnicos e estudantes. Na réplica, a Chapa 10 questionou sobre os recursos que precisarão ser aplicados para a criação desse centro. Na tréplica, a Chapa 30 afirmou que os trabalhadores serão servidores públicos novos concursados que virão para iniciar essa construção.
Interação das chapas 20 e 30 – O embate de idéias entre as chapas 20 e 30 se deu com um questionamento feito pela Chapa 30 para a Chapa 20, sobre a utilização de recursos de projetos para obras de manutenção e também sobre o pagamento de auxílios para os aposentados. Em resposta, a Chapa 20 apontou que existe na Uerj uma grande quantidade de trabalhadores extra-quadro ganhando valores exorbitantes, e será necessário rediscutir prioridades no Conselho Universitário. Na réplica, a Chapa 30 afirmou que não é possível usar recursos de projetos para a realização de obras na universidade, e o único caminho para garantir auxílios para os aposentados é através da reformulação do PCCS dos técnicos.
Análise e considerações sobre tema de interesse geral
O bloco 4 teve início com a apresentação de uma pergunta elaborada pelo conjunto das entidades realizadoras do debate, construída pela comissão. E o questionamento abordou os temas de autonomia universitária, relações políticas com o Governo do Estado e Alerj, e orçamento.
O início das respostas se deu com a Chapa 20, e de início a candidata Maria Isabel ressaltou que sua fala insistente que as relações com Governo do Estado e Alerj precisam ser republicanas e dentro do caráter institucional da universidade, e por isso é inadmissível que um deputado estadual exija da Uerj que a instituição faça um vestibular específico para uma localidade. É preciso respeitar a missão institucional com os docentes, técnicos e estudantes.
A segunda resposta ficou a cargo da Chapa 30, e o candidato Mario Sérgio Carneiro apontou que o orçamento é preciso ser buscado com o Governo do Estado num primeiro momento, e num segundo momento é preciso negociar com a Alerj de maneira institucional para conseguir o orçamento e as emendas que o incrementem. Em seguida, o candidato Lincoln demarcou que a luta pelo respeito da autonomia universitária se deu desde o início de 2020, quando a reitoria garantiu a defesa dos seus servidores e estudantes.
A Chapa 10 foi a terceira a responder a pergunta feita, e a candidata Gulnar apontou que em sua plataforma o primeiro ponto é a garantia da autonomia universitária, e a Uerj ainda não alcançou esse patamar. Para a candidata é necessário garantir a autonomia universitária e a continuidade de todas as políticas de valorização dos servidores. Em seguida, Bruno Deusdará afirmou que não dá mais para viver com ameaças de atrasos nos pagamentos de salários e bolsas, e por isso é necessário lutar pelos duodécimos constitucionais, uma batalha travada pelas entidades das categorias da universidade.
Perguntas gerais da plateia
Para esse bloco, as entidades selecionaram seis perguntas para respostas das chapas. As candidaturas responderam pontos como a aprovação do PCCS dos técnicos; integração intercampi; valorização do ensino, pesquisa e extensão; cenários para vencer a crise financeira do Rio de Janeiro e a garantia de manutenção das políticas de permanência dos estudantes e de valorização dos servidores; presença e atuação durante a crise de 2017; investimentos para a renovação da frota de veículos para trabalhos de campo e avaliação sobre ensino remoto. As chapas responderam os questionamentos de acordo com seus programas de campanha, e também levando em consideração a realidade das unidades acadêmicas.
Ao final da etapa de perguntas enviadas pelos presentes foi feita a leitura de uma Carta-Compromisso formulada por Sintuperj, Asduerj e DCE, com pontos definidos em comum pelas entidades. As chapas participantes do debate assinaram a mesma firmando o compromisso com as categorias da universidade. Pelo Sintuperj, a leitura de parte da carta foi feita pela coordenadora de Formação e Comunicação Sindical Bianca Mantovani.
Confira a Carta-Compromisso conjunta assinada pelas três chapas concorrentes
Carta Compromisso das 03 entidades da Uerj
Considerações finais
O último bloco do debate foi marcado pelas considerações finais das chapas, e cada candidatura teve cinco minutos para finalizar sua participação no espaço. Como em todas as etapas, a ordem foi definida por sorteio.
O início das considerações finais ficou a cargo da Chapa 20, e o candidato a vice-reitor Jacques Dias destacou a capacidade de análise da comunidade universitária de entender todo o cenário político da instituição, além de defender o projeto e as propostas elaboradas e apresentadas pela chapa. Em seguida, a professora Maria Isabel de Castro ressaltou seu legado como servidora que exerceu cargos em gestões estaduais por indicação da própria Uerj, e defendeu sua candidatura como um projeto de renovação e de resgate da grandeza da instituição.
A segunda candidatura a fazer suas considerações finais foi a Chapa 30, e o candidato a reitor Mario Sergio Carneiro iniciou sua fala reivindicando o legado da gestão que iniciou em 2020, elencando realizações como pagamento de impostos atrasados, expansão de unidades, reforma de espaços e criação de programa de inclusão e manutenção estudantil dentre outros feitos, mesmo numa lógica de superação de uma crise. Em seguida, o candidato a vice-reitor Lincoln Tavares ressaltou que a Uerj hoje reafirmou sua existência, passou a ser reconhecida nacional e internacionalmente, e é uma instituição que transforma vidas, e pediu o voto da comunidade para continuar com esse processo.
A última candidatura a se expressar no bloco de considerações finais foi a Chapa 10, e a candidata à reitora Gulnar Azevedo em sua fala teceu críticas a atual gestão da universidade, apontando que em sua visão baseada no diálogo com as unidades acadêmicas e categorias da instituição a visão é que a atual reitoria não conseguiu dar continuidade à história da Uerj, e utilizou sua crítica para defender a solidez de seu projeto para a universidade. A candidata seguiu seu discurso apontando que sua campanha visa uma gestão democrática, inclusiva, que valoriza as categorias, com experiência para reorganizar administrativamente e financeiramente a gestão e baseada em quem constrói o dia a dia da instituição.
O debate com as chapas candidatas à reitoria da Uerj foi transmitido pelo canal de Youtube da TV Uerj, e pode ser acompanhado abaixo na íntegra :
