Hospital Pedro Ernesto suspende internações

A direção do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) emitiu uma circular na qual suspende novas internações. O documento foi lançado na última quinta-feira (30/11) e atribui a decisão à grave crise financeira do Estado que afeta a “capacidade de atendimentos realizados”, bem como à garantia de “segurança e a qualidade do atendimento” em um “momento de escassez de recursos humanos, em virtude da ausência de pagamento de salários”. Diz ainda que a suspensão se dará até atingir o patamar de 180 leitos ocupados, e que depois disso as internações somente ocorrerão mediante autorização da Coordenadoria de Assistência Médica.

A atitude extrema, e nociva à Saúde pública, é mais um retrato da política de desmonte do serviço público, que ganhou força com o argumento do Estado da existência de uma crise de diminuição de receitas. Crise essa não provocada pelos servidores públicos, cujos salários estão atrasados, e nem pela população em geral, mas pelo meu uso do dinheiro público e pela corrupção, que já levou à cadeia o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, além de mais recentemente os deputados estaduais Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB.

Governar na crise é ter de elencar prioridades. E as escolhas do governador do estado, e de todos aqueles que fazem parte de seu governo, como secretários de estado e parlamentares da base governista, não refletem uma política voltada para o interesse público. A queda na arrecadação e o endividamento do governo é respondida com a privatização de empresas públicas rentáveis, como a Cedae, aumento de impostos, taxas, contribuições e dos transportes, concessão de mais isenções fiscais – que nos últimos cinco anos abriram mão de mais de R$ 150 bilhões –, entre outras medidas que transferem a conta do déficit orçamentário para as classes sociais mais fragilizadas, como trabalhadores, aposentados e estudantes.

A suspensão de internações no Hospital Pedro Ernesto, além de atingir a Saúde pública fluminense por ser essa uma instituição de atendimento de alta complexidade com procedimentos que só lá existem, também afeta a Educação pública, ao comprometer a formação e a especialização dos estudantes da Uerj. Nossos futuros médicos e enfermeiros. Por essa razão, é de vital importância que a sociedade tenha a plena consciência dos motivos que estão levando um dos mais importantes hospitais do país a uma crise que coloca o seu funcionamento em risco, e a população à mercê da própria sorte. Para além disso, é ainda mais imprescindível que a população tenha em mente que ela, e somente ela, é a única capaz de reverter esse processo de sucateamento do serviço público. Que ela é a única interessada em sua sobrevivência e bem-estar.