Manhã de 10/03 na Uerj é marcada por seminário sobre políticas públicas voltadas para população adulta em situação de rua

O Teatro Odylo Costa, filho, da Uerj, foi palco na manhã desta terça-feira, 10/03, do seminário “Políticas de Álcool e Outras Drogas e a População em Situação de Rua: Avanços e Retrocessos”, promovido pelo Fórum Permanente sobre População Adulta em Situação de Rua do Rio de Janeiro. O evento, que contou com mais de 900 inscritos, abordou maneiras de estabelecer diálogo com essa parcela da população que é invisibilizada pela sociedade, com o desenvolvimento de campanhas que possam estimular a criação de políticas públicas que superem o preconceito contra os moradores de rua.

O evento teve início com a composição da mesa de abertura, na qual estiveram presentes as professoras Cátia Antônia da Silva, representando a Administração Central da Uerj, e Dirce Eleonora Nigro Solis, diretora setorial do Centro de Ciências Sociais da Universidade; Hilda Corrêa de Oliveira, assistente social e ex-presidente do Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro – 7ª Região; e Ana Lúcia da Silva, Coordenadora do Fórum Interinstitucional de Atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas do Estado do Rio de Janeiro.

Após o encerramento a mesa de abertura, o poeta do coletivo Os Suculentas Eric Melo Braga foi convidado para o palco e fez uma intervenção poética sobre a vida de quem mora na rua e seus percalços, arrancando aplausos da plateia.

Cartas da Rua… quem pode ouvir? Quem se interessa? Quem escreveu? População em situação de rua existe.

Publicado por Fórum Permanente sobre População Adulta em Situação de Rua RJ em Terça-feira, 10 de março de 2020

A primeira mesa de debate, com o tema “Perspectivas do cuidado em saúde mental e uso prejudicial de álcool e outras drogas”, contou com a participação das palestrantes Rita Cavalcante, Assistente Social, Doutora pela UFRJ e Professora da Escola de Serviço Social da UFRJ; e Beatriz Brandão dos Santos, Doutora em Ciências Sociais pela PUC-Rio, pós-doutoranda em Sociologia pela USP e pesquisadora do IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada) na pesquisa nacional sobre metodologias de cuidado a usuários problemáticos de drogas. As convidadas, mediadas por Ana Lucia da Silva, apresentaram dados colhidos em seus trabalhos para nortear possíveis caminhos para que seja feito o trabalho de aproximação, acolhimento e tratamento dos moradores de rua usuários de álcool e outras drogas.

O evento foi fechado com a segunda mesa de debate, de tema “A vida na rua e as experiências em Redução de Danos”, que contou com a participação de Valeska Holst Antunes, médica pela PUS/RS e atuante em estratégia de Saúde da Família voltada para consultório de rua; Lídia Marins Teixeira, psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS AD III Mírian Makeba, localizado no bairro de Ramos; e Lorani Sabatelly Rodrigues, que é travesti e agente de promoções de saúde do CAPS AD III Mirian Makeba. Mediadas pelo assistente social e membro da coordenação do Fórum sobre População Adulta em Situação de Rua, Marcelo Jaccoud da Silva, as convidadas apresentaram em seus relatos as experiências obtidas com a prática de ações de cuidado, amparo e redução de danos, tendo como visão o lado profissional e também como pessoa assistida, como no caso de Lorani, que está recebendo tratamento há dois anos e naturalmente passou a trabalhar contribuindo com o Centro de Atenção no acolhimento de pessoas em situação vulnerável.

Além das palestras, também foram realizados o lançamento do livro “Flores Amarelas: um olhar sobre quem mora na rua”, escrito por Marcelo Jaccoud da Costa; exposições de fotos do projeto Yoga de Rua e do Concurso Cidadania em Situação de Rua; e do Cartas de Rua, do projeto Ruas. Também foi distribuída a Cartilha de Direitos do Cidadão em Situação de Rua, produzida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro em conjunto com o Fórum Permanente de População Adulta em Situação de Rua, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

O problema das pessoas em situação de rua é um dos principais dramas das grandes cidades brasileiras e tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, devido ao cenário de crise e falta de oportunidades e postos de trabalho. Com o seminário, o Fórum busca apresentar a visão de que é necessário quebrar o preconceito contra essa parcela da sociedade que é invisibilizada. De acordo com o argentino Jorge Muñoz, mestre em Filosofia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas e que trabalha com políticas de inclusão de pessoas em situação de rua desde 1983, “ninguém mora na rua porque gosta”. É importante defender que as pessoas em situação de rua precisam ser vistas como cidadãos e ter seu protagonismo estimulado, para que possam vencer os processos estruturais de exclusão da sociedade.

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