Seminário sobre Celso Furtado inicia na Uerj as comemorações do centenário de nascimento do economista e pensador

A manhã desta quarta-feira, 13/11, foi marcada pela abertura do seminário Celso Furtado: um intelectual que pensou o Brasil. O evento, organizado pelo Nibrahc com apoio do Sintuperj, foi realizado no auditório 91, 9° andar da Uerj, e abriu as comemorações pelo centenário do economista e pensador, um dos mais importantes no país no século XX.

A mesa de abertura contou com a participação da jornalista Rosa Freire, viúva de Celso Furtado, que fez um recorte da produção do economista e de seus “balanços de vida”, que são cadernos nos quais Celso escreveu seus pensamentos e análises sobre a política e a economia brasileira. Pela Uerj, compuseram a mesa a vice-reitora Maria Georgina Muniz Washington, que apontou a importância de Celso Furtado para o pensamento econômico voltado para a sociedade; a ex-sub-reitora de Graduação (SR-1) Lená Menezes, que abordou a importância do evento para apresentar aos mais jovens um homem que em seus pensamentos jamais colocou o homem à margem do desenvolvimento econômico; a professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Mônica Lessa; e o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), Adalberto Moreira Cardoso, que relembrou e homenageou vários grandes nomes das Ciências Sociais brasileiras que, assim como Celso Furtado, colaboraram para o desenvolvimento do pensamento para a resolução dos problemas do país. Pelo Sintuperj, a coordenadora geral Cassia Gonçalves Santos da Silveira exaltou as colaborações de vida e obra de Celso Furtado, apontando o quanto seu pensamento é atual.

Como forma de homenagear Celso Furtado e apresentar um panorama mais amplo de sua obra, a jornalista Rosa Freire, viúva do pensador, nos falou sobre a importância do pensamento do economista para que possamos refletir sobre a atualidade da sociedade brasileira:

São 100 anos do nascimento de Celso Furtado. A senhora, que conviveu com ele, que viu e até hoje tem contato com sua produção intelectual, qual a importância dessa produção para que a gente possa explicar o que acontece no Brasil na atualidade?

As pessoas se referem muito ao Celso como economista, e economista brilhante que ele foi, mas eu quase que diria, agora que estou tendo acesso ao acervo pessoal e a textos inéditos, ele foi muito mais do que um economista. Ele foi um pensador. E diria, sem fazer algum gesto de retórica, que foi quase um filósofo. O mundo interpelava Celso Furtado e ele se deixava interpelar pelo mundo, pelos problemas do homem.

Foram citados aqui [na mesa de abertura do evento] pequenos trechos de sua obra em que ele se preocupa com a felicidade das pessoas, com o desenvolvimento intelectual, artístico, cultural, talvez por sua trajetória ter sido um pouco diferente da dos demais economistas. Ele se forma na Sorbonne em Direito, se tornando doutor, e depois disso vai trabalhar na vida prática com Economia por muitos anos. Mas depois é como se a Economia fosse uma “moldura pequena” e ele tivesse que alargar essa moldura incorporando as outras ciências sociais, filosofia, história, psicanálise, cultura, etc. Tanto que quando o Celso exerceu o cargo de Ministro da Cultura ele já tinha uma teorização muito grande sobre o tema.

O Celso tem uma cabeça absolutamente multidisciplinar, sempre a partir da Economia, mas que abarca a necessidade de querer entender o mundo a partir de todo o conhecimento que nos é facilitado, e por isso eu acredito que tem um viés de filósofo em sua obra. É isso que eu gostaria de ver sendo discutido nesse seminário e pelos próximos que serão realizados.