O Dia da Consciência Negra, instituído por lei em 2011, representa a reflexão sobre o protagonismo do povo negro na sociedade brasileira. A data escolhida para a sua celebração, 20 de novembro, é significativa. É a data de morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, vítima da repressão que este povoado fundado por negros ex-escravizados sofria por sua experiência de organização social autônoma e de resistência e afirmação da cultura dos povos de origem africana.
A data foi proposta por um grupo de estudos composto por jovens negros, em 1971, na cidade gaúcha de Porto Alegre, como forma de questionar a legitimidade do dia 13 de maio como marco de celebração da população negra. Isso porque o fim da escravidão fora historicamente atribuído a uma concessão da Lei Áurea, assinada por uma princesa branca. E não como uma conquista das lutas do povo negro contra os trabalhos forçados.
O protagonismo histórico do movimento negro de resistência `a marginalização que se seguiu `a liberdade formal colocou esse contingente social, que compõe a maior fatia da população brasileira, no centro do debate de temas diversos. Em todos eles sendo ressaltado que esse grupo social é o primeiro e/ou o que mais padece dos graves distúrbios pelos quais passam a sociedade ao longo dos tempos.
Um dos mais debatidos na contemporaneidade deu origem ao chamado racismo ambiental. O conceito trata dos efeitos do aquecimento global sobre as diferentes classes sociais. E apresenta a população negra, que é em sua maioria residente em áreas urbanas periféricas e/ou com reduzida infraestrutura urbana, como a que mais sofre os efeitos do aumento das temperaturas no planeta, como nas enchentes, na escassez de água potável e de energia elétrica. Ou mesmo na elevação do custo de aquisição destas duas últimas.
Um protagonismo `as avessas, posto que esta parte da população figura nos noticiários como a que arca com os custos das atividades geradoras do aquecimento global. Entre as principais a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a pecuária. Todas fomentadas por elites econômicas que conseguem retardar ou reduzir para si mesmas os nocivos efeitos destas atividades. Usufruindo exclusivamente de seus benefícios econômicos.
Como um dia voltado `a reflexão, este 20 de novembro de 2023 deve servir como marco para que a população negra pense, não somente nesta data, acerca do seu papel na sociedade. Sobre como reafirmar os seus direitos básicos enquanto cidadãos e trabalhadores que, mesmo não sendo os proprietários do capital, são os que na prática produzem as riquezas deste país.
