Dia da Consciência Negra: os avanços de ontem são o espelho das conquistas do amanhã

Imagem: Comunicação CRMV-SP

Quem assiste à aparente proliferação de casos e denúncias de práticas de racismo e de injúria racial pode ter a sensação de um regresso social no que tange ao combate à discriminação racial. Pode acreditar que, apesar dos diversos avanços sociais conquistados pelo movimento negro, como a maior inclusão da população preta em diversos espaços outrora frequentados quase que exclusivamente por brancos, está em curso um contramovimento que visa restabelecer o status quo que atribui a homens e mulheres pretas papeis subservientes.

Contudo, e certamente não por acaso, essa grande quantidade de práticas discriminatórias ocorre na esteira de uma outra onda: a disseminação do uso de ferramentas de gravação, como câmeras e, sobretudo, celulares. Precipuamente voltados, de forma respectiva, para questões relativas à Segurança e de Comunicação, estes instrumentos têm sido responsáveis por tornar pública a violência diária da qual a população preta é submetida.

Essa violência, psicológica e física, está muito longe de ser novidade. Introduzida no Brasil pelos europeus, atravessou todo o período colonial e reverberou por todo o período pós-independência. E foi exatamente esse enraizamento na sociedade que deu origem ao surgimento do movimento que busca conquistar e garantir direitos sociais de pretos e pretas. Direitos já garantidos constitucionalmente e legalmente, mas ainda bastante ignorados na prática. Principalmente por pessoas brancas, ou até mesmo por quem tem a ilusão de ser de origem exclusivamente caucasiana em um país altamente miscigenado.

Neste 11º Dia da Consciência Negra (20/11), temos a certeza de que o caminho a ser percorrido para a igualdade de todos como previsto em Lei ainda é longo. Pode enfrentar estagnações ou mesmo reveses. Mas também temos a convicção de que foi com a luta antirracista que conseguimos avançar enquanto sociedade inclusiva. E será com ela que poderemos colocar um ponto final no racismo.

Imagem: Comunicação CRMV-SP