Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha completa 30 anos

Criado em 1992, em um encontro de mulheres negras na cidade de Santo Domingos, capital da República Dominicana, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha vem na esteira de um processo mais amplo de pressão junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para que a entidade assumisse incorporasse a luta contra as opressões de raça e de gênero.

O movimento é oriundo da necessidade em se garantir os direitos humanos da mulher negra, que é maioria nos países da América Latina e Caribe, sendo a parcela da sociedade maior vítima de diversos tipos de violência, como racismo, xenofobia, discriminação de gênero, de orientação sexual, idioma, religião, origem social e salarial, até os dias atuais.

Um dos principais instrumentos é dar e promover a denúncia das práticas racistas não somente na região, mas em todo o mundo, dando origem à Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas.

Entre os caminhos defendidos pelo movimento, estão a defesa de maior inserção da mulher negra nos diversos espaços públicos, sobretudo os políticos. Assim como a equiparação entre mulheres negras aos demais segmentos sociais, sobretudo aos homens, no que tange à igualdade de direitos.

Tereza de Benguela, uma rainha que desafiou a escravidão

No Brasil, o dia 25 de julho também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela. No Quilombo de Quariterê, Tereza comandou a maior comunidade de resistência da capitania do Mato Grosso no século XVIII

No interior do Brasil do século XVIII, surge um símbolo da luta das mulheres negras: Tereza de Benguela, a “Rainha Tereza”.

Líder do Quilombo do Quariterê, Tereza desafiou a Coroa e o sistema escravocrata português por mais de 20 anos, comandando a maior comunidade de libertação de negros e indígenas da capitania de Mato Grosso.

No Vale do Guaporé, Rainha Tereza coordenava a estrutura administrativa, econômica e política da comunidade, garantindo a segurança e a sobrevivência de mais de 100 pessoas, entre negros e indígenas.

Com a ofensiva final da Coroa para acabar com o Quilombo, relatos dizem que Tereza foi assassinada pelo Exército e outros apontam que ela preferiu se suicidar do que se submeter ao domínio dos brancos.

Em 2014, o 25 de julho foi instituído no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. No projeto de criação deste dia, Tereza é afirmada como um exemplo que “serve de espelho para as mulheres negras que continuam a lutar contra um contexto adverso e discriminatório”.

Fontes:

Imagem: Portal Geledés

Tereza de Benguela: Brasil de Fato