Jamais esquecer, nunca mais permitir acontecer: os 60 anos do golpe civil-militar no Brasil

Ato no Rio em memória das mulheres vítimas da ditadura (ATO MEMÓRIA DELAS)

Neste dia primeiro de abril todas as organizações do campo democrático no Brasil relembram os 60 anos de um dos piores momentos da história de nossa nação: o golpe civil-militar que afundou o país em 21 anos de uma ditadura sangrenta e corrupta. Falseada desde seu início (os militares alteraram a data para 31 de março, pois o primeiro de abril é marcado por ser o Dia da Mentira), a ditadura usou todas as possibilidades de falsificação da realidade para provocar pânico moral na população e, para isso, contou com amplo apoio dos setores mais retrógrados da sociedade brasileira, da mídia e também com a interferência dos EUA através da operação Brother Sam (revelados pelo próprio governo norte-americano).

Na esteira do macarthismo (movimento anticomunista surgido nos Estados Unidos que teve como um de seus principais expoentes o senador norte-americano Joseph McCarthy), os setores conservadores da sociedade brasileira, buscando manter seus privilégios e a opressão contra o restante da população brasileira, iniciaram uma campanha de “caça às bruxas” contra todo e qualquer tipo de “comunismo” no Brasil. No entanto o que era definido como “comunismo” não era a organização dos trabalhadores em partido revolucionário, mas toda e qualquer iniciativa que possibilitasse o avanço das condições de vida dos mais pobres. Esses ataques existiram desde o governo de Getúlio Vargas (1951-1954) e se tornaram mais violentos com as propostas de Reformas de Base do governo de João Goulart (1961-1964), que tinham o objetivo de proporcionar equilíbrio e justiça social no Brasil.

O saldo da ditadura civil-militar no Brasil foi nefasto. Milhares de pessoas perseguidas por acusações ideológicas, centenas presas e torturadas e vários assassinatos cometidos por agentes do regime. Os documentos oficiais que foram revelados pela Comissão Nacional da Verdade deixam cristalino que os crimes cometidos neste período da história brasileira não foram punidos. As arbitrariedades dos agentes da ditadura são chagas que só serão curadas quando o Brasil tiver a coragem de punir seus torturadores e os algozes de nosso povo.

E para quem acredita que estamos livres de um novo golpe, de uma nova ditadura, a história recente do país mostra que devemos estar vigilantes. A tentativa de golpe de oito de janeiro de 2023 é uma mostra inequívoca que os herdeiros dos setores mais conservadores e reacionários de nossa sociedade seguem ávidos por um projeto totalitário de poder. Ainda existe um ovo de serpente sendo chocado nas entranhas da nossa sociedade. E o povo brasileiro, aliado às instâncias democráticas do nosso país, tem o papel fundamental de esmagar toda e qualquer possibilidade de um novo golpe e uma nova ditadura que nos mergulhará em um novo período de trevas e crimes contra os setores mais vulneráveis da nossa nação.

Para que nunca se esqueça. Para que jamais aconteça. Que os 60 anos da ditadura militar do Brasil seja um lembrança vívida daquilo que jamais deve voltar a acontecer no nosso país.