Sintuperj promove palestra sobre conscientização da violência de gênero

Como parte das celebrações do mês da Mulher, a Coordenação de Formação e Comunicação Sindical do Sintuperj promoveu uma palestra “As opressões de gênero que perpassam o tempo: diálogos, relatos, impactos, ações e soluções contra a violência”, na última terça-feira (26/03). O evento foi aberto ao público e contou com a participação em peso dos alunos do Pré-vestibular do Sintuperj.

A coordenadora de Formação e Comunicação Sindical Bianca Mantovani enfatizou aos alunos do Pré-vestibular que a Uerj é um ambiente político, e que eles estão em um ambiente ainda mais político por estarem dentro de um sindicato. Ela destacou que o diferencial do pré [do Sintuperj] é a formação política para as relações sociais, inclusive do ser humano com si próprio. Afirmou que as informações passadas os ajudariam quanto a maturidade social e política e, até mesmo, para a resolução do prova do Vestibular.

O evento contou com um Workshop promovido pelo Programa Empoderadas. Foi feito um relato histórico do surgimento do projeto, bem como de sua atuação quanto ao acolhimento psicológico de vítimas de violência de gênero, assistência quanto a orientações legais e jurídicas, entre outros. O Empoderadas também oferece cursos profissionalizantes e técnicas de autodefesa para as mulheres.

Foi ressaltado que o Programa conta com a contribuição de homens em sua organização, reforçando o entendimento de que a pauta do fim da violência contra as mulheres deve ter a adesão de toda a sociedade.

Durante a palestra, foi exposto didaticamente algumas das situações cotidianas a serem evitadas pelas mulheres com o intuito de não se colocarem em posição vulnerável e/ou livrar-se de situações de assédios. Uma delas é evitar ficar com os braços cruzados, pois essa posição reproduz a posição de quem usa uma camisa de força e, desta forma, um homem teria mais facilidade em realizar uma imobilização.

Também foi mostrado que deve-se evitar uma posição comum de apoiar as mãos sobre a cintura para se evitar que os braços sejam agarrados e puxados para trás, facilitando, igualmente, a sua imobilização.

O conhecimento sobre as leis e as diferentes formas de violência foram ressaltadas como fundamentais para que as mulheres tenham plena consciência em identificar quando estão sendo vítimas de violência, que vai além da violência meramente física. E foi ratificado que as leis que protegem as mulheres não devem ser desacreditadas, reforçando, desta forma, a necessidade de as vítimas denunciarem.

Literatura contra a violência de gênero

A escritora infanto-juvenil Andrea Viviana Taubman afirmou que diz a adolescentes que se perguntem se os seus relacionamentos são “uma âncora no pé ou um balão que faz subir”, “uma bola de ferro no pé ou uma asa delta que me faz voar”, explicando que “se você sentir em um relacionamento que está lhe colocando para baixo, então pense que ele não está lhe fazendo bem”.

Andrea ressaltou que a naturalização da violência começa ainda na infância, quando, por exemplo, se diz aos jovens o que eles devem ou não ser, assim como as atitudes de desdém e de invisibilidade com relação às crianças em diversas situações das relações sociais.

A escritora ainda fez a leitura de algumas passagens de um de seus livros que ensinam ao público infanto-juvenil de forma leve como identificar situações potenciais de abusos físicos e, desta forma, como reagir a elas.

Encerrando o evento, a coordenadora geral do Sintuperj Regina de Souza afirmou que o tema da palestra foi pensado porque a violência de gênero acompanha a mulher desde a infância. “As meninas crescem nesse ambiente de violência física, moral, financeira e, muitas vezes, acaba sendo naturalizado”.

Ao falar sobre o Pré-vestibular do Sintuperj, a qual classificou como o principal projeto social do sindicato, ela afirmou que a obrigação não é somente oferecer o conteúdo programático para o Vestibular, mas também social, de promover o diálogo. De acordo com ela, ter a consciência do que é a violência de gênero contribui para a proteção da mulher.

Regina também ressaltou a importância das mães no processo educacional contra a violência de gênero, afirmando que quando a mãe permite ser violentada transmite à própria filha a mensagem de consentimento diante de abusos cometidos por homens.

Por fim, a coordenadora geral ressaltou que o conhecimento sobre as diversas formas de violência de gênero resulta em maior autonomia das mulheres ao decidirem estar ou não em um relacionamento, bem como com quem estar.