SINTUPERJ DIVULGA: Nota de solidariedade ao Museu Nacional e à UFRJ

Um duro golpe foi desferido na ciência, na pesquisa, na história e na educação do Brasil no início da noite deste domingo, 02/09. O Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, e administrado pela UFRJ, foi atingido por um incêndio de enormes proporções e uma parte considerável do conhecimento brasileiro foi destruída pelo fogo em poucos minutos.

Ao todo, 20 milhões de peças, que contam a história do país e do mundo, foram destruídas com o fogo que consumiu o prédio que tem mais de 200 anos e serviu de moradia para a Família Real que chegou ao Brasil fugindo da sede imperialista de Napoleão na Europa. Mas esse duro golpe que destruiu peças arqueológicas, históricas, literárias, antropológicas e biológicas, dentre muitas outras, é a crônica de uma tragédia anunciada, que tem como responsável os inúmeros cortes de verbas para a recuperação e manutenção da nossa cultura e nossa história.

Vamos aos fatos: no ano de 2013, o Museu Nacional recebeu no total R$ 531 mil em verbas. Já no ano de 2016, esse orçamento foi cortado para R$ 415 mil. E neste ano de 2018, o museu recebeu apenas R$ 54 mil em verbas, valor insuficiente sequer para cobrir os gastos em limpeza, conservação, vigilância e reformas estruturais para evitar uma tragédia dessa proporção. Sem contar a necessidade do minucioso e especializado trabalho de restauração de peças específicas, como o crânio da primeira habitante das Américas, as ossadas de dinossauros e as múmias trazidas do Egito, peças estas que contavam aproximadamente 10 mil anos de história da humanidade.

A dor dos trabalhadores do Museu Nacional, refletida nas entrevistas com os restauradores que estavam incrédulos em frente ao prédio vendo todo seu trabalho sendo consumido pelo fogo, é a dor de todo um povo que se vê órfão do museu mais antigo do país. Mas ao que parece, não é a dor de quem dilapida o patrimônio público e drena todos os investimentos que deveriam ser encaminhados para nossa ciência, nossa história e nossa educação. Cada madeira corroída por cupim, cada reboco que soltava da parede, cada problema elétrico ou hidráulico existente no prédio é de responsabilidade de quem promoveu cortes atrás de cortes contra a UFRJ e todas as demais universidades públicas de nosso país, estas que são as verdadeiras guardiãs da educação superior, da ciência e da pesquisa no Brasil. Cada ataque às nossas universidades é sentido por toda a comunidade de todas as universidades públicas do país, e cada negligência será denunciada para que tragédias como a do museu Nacional não mais aconteçam.

Os servidores técnico-administrativos de Uerj, Uenf e Uezo, através do Sintuperj, se solidarizam com a comunidade da UFRJ e em especial aos trabalhadores do Museu Nacional neste momento difícil.

Diretoria Executiva do Sintuperj

Quadriênio 2015-2018