Sintuperj se solidariza com vítimas de Brumadinho

Mais uma tragédia que destrói nossa já tão violentada natureza, nossa biodiversidade tão devastada;

Mais uma violência cometida contra uma cidade e seu povo, literalmente soterrados na lama da irresponsabilidade.

Mais uma catástrofe provocada pela irresponsabilidade de quem visa única e exclusivamente o lucro.

O Sintuperj se solidariza com as vítimas de Brumadinho e reivindica justiça para que tragédias como esta nunca mais aconteçam.


O rompimento da barragem de rejeitos de mineração na cidade mineira de Brumadinho na última sexta-feira, 25/01, assim como ocorreu em Mariana em novembro de 2015, expõe o lado mais perverso da ganância existente no empresariado brasileiro. A empresa Vale do Rio Doce, tomada do povo brasileiro em maio de 1997, em um processo de privatização inexplicável durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, fez com que a empresa deixasse de ter como prioridades o desenvolvimento ambiental e social das regiões em que está instalada e passou a visar apenas o lucro a todo custo.

Não foi por falta de aviso: o Ibama, órgão que luta incansavelmente para defender os ecossistemas da natureza brasileira, já havia avisado que tragédias de enormes proporções poderiam atingir as cidades que nasceram e cresceram em torno das barragens da Vale. No caso da barragem de Brumadinho, que recebeu autorização para ampliação em dezembro, o representante do Ibama alertou para a tragédia que poderia ocorrer.

Em um momento delicado de nossa história, no qual os políticos fazem discursos defendendo a destruição de órgãos de regulação como o Ibama e o afrouxamento das leis ambientais, uma tragédia como a de Brumadinho é um tapa sem luva naqueles que fazem o discurso de lucro a qualquer custo. A ganância não pode ser colocada à frente das necessidades do povo brasileiro. Os até então 58 mortos e 305 desaparecidos de Brumadinho (dados obtidos no site G1, em 28/01, às 10:06h) não deveriam ser aqueles a pagar pelo erro daqueles que veem a natureza como descartável e o povo como acessório.

Vale lembrar que a Vale, que era uma empresa estatal, não tinha em seus registros nenhuma tragédia ambiental como as ocorridas em Brumadinho e Mariana até sua privatização, em maio de 1997. E lembramos também que a empresa, que antes de ser privatizada tinha como prioridades desenvolver ambientalmente e socialmente as regiões extrativistas nas quais atua, foi vendida pelo governo FHC por apenas 3% (três por cento) de seu valor de mercado à época (a empresa valia 100 bilhões de dólares e foi negociada por US$ 3 bilhões).

Que os atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho tenham garantidos todos os direitos e justiça por essa violência sofrida. Assim como também reivindicamos justiça para os atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, que até hoje sofrem com a negligência e o descaso.