Após acamparem no corredor da reitoria da Uerj, os servidores técnico-administrativos da Universidade foram recebidos na manhã desta terça-feira, 10/10, pelo reitor Ruy Garcia Marques, pela vice-reitora Maria Georgina Muniz Washington e pela equipe de administração central da instituição para debater as demandas apresentadas pela categoria. Em pauta, a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, a revogação da AEDA 29/2017 (que congela a contagem de tempo dos estágios probatórios dos novos servidores da instituição), o lançamento de faltas nas folhas de ponto dos servidores durante a greve e a intermediação da reitoria junto ao Governo do Estado para que sejam pagos os salários e as verbas de custeio e manutenção.
No início da reunião, o reitor da Uerj ressaltou que compreende a situação de indignação dos servidores técnico-administrativos, afirmando que a administração central da Universidade compartilha da mesma sensação. Ruy Garcia Marques informou que esteve na manhã de hoje no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, buscando sensibilizar o governador para que este realize os repasses de custeio e manutenção da Uerj, e também os pagamentos dos salários dos servidores e bolsas atrasados. Segundo o reitor, as dificuldades encontradas pela reitoria para administrar a Universidade são enormes, e um exemplo disso é a situação de não cumprimento dos compromissos com as empresas prestadoras de serviços. De acordo com Ruy, a empresa APA, que presta serviços de limpeza e conservação, recebeu apenas três das 13 faturas devidas e está com extremas dificuldades para manter seus trabalhadores, e este é só um dos casos que ilustram a falta de compromisso do governo com a Uerj. Finalizando sua fala inicial, o reitor ressaltou a importância das mobilizações das categorias da Universidade e da manutenção da greve de técnico-administrativos e docentes, pois esse tipo de movimento faz com que os problemas enfrentados pela instituição sejam mostrados para toda a população.
A base de técnico-administrativos apresentou uma série de reivindicações: a tentativa de uma audiência com o secretário estadual de Fazenda (Sefaz) para debater a situação financeira da Uerj e o pagamento dos salários; a emissão de uma circular por parte da reitoria desautorizando as chefias e direções da Universidade a lançar faltas de servidores durante a greve, pois estes estão passando por dificuldades e não tem sequer dinheiro para chegar aos seus postos de trabalho; a revogação da AEDA 29/2017, mantendo a contagem de tempo para o estágio probatório, e a aprovação de todos os servidores que estiveram passando por esse processo no período de greve; e a convocação de uma nova coletiva de imprensa, na qual a reitoria da Uerj deverá rechaçar qualquer intenção de privatização da Universidade, repudiar a situação de precariedade imposta pelo Estado, que não está cumprindo seu papel de mantenedora da instituição, e cobrar publicamente os repasses e o pagamento dos salários e bolsas.
Em resposta às reivindicações dos técnicos, o reitor se comprometeu a solicitar a reunião com o secretário de fazenda, mas sem esperanças de que este atenda as reivindicações de comparecer à Uerj (neste ponto, a vice-reitora Maria Georgina Muniz Washington ressaltou que surte melhor efeito uma mobilização para que a comunidade uerjiana exerça pressão em frente à Sefaz para ser recebida no gabinete da secretaria); em relação ao lançamento de faltas, o reitor se comprometeu a elaborar uma circular, com auxílio do jurídico da Universidade (Dijur), para determinar que não sejam lançadas faltas nas folhas de ponto, e ainda afirmou categoricamente que enquanto houverem atrasos de salários nenhum trabalhador será prejudicado em suas folhas de ponto, mesmo que estas sejam entregues com lançamento de faltas; em relação à revogação da AEDA 29/2017, o reitor pediu prazo até a manhã da próxima terça-feira, 17/10, para analisar novamente o documento e dar uma resposta sobre o tema à categoria; e finalizando, a reitoria se comprometeu a convocar uma entrevista coletiva para reafirmar o compromisso da administração central com o caráter público e a unidade da Uerj, rechaçando inclusive a divisão das folhas de servidores que faz com que os trabalhadores do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) recebam seus salários e os das outras unidades e aposentados não.
Ainda durante a reunião, o coordenador geral do Sintuperj Jorge Luis Mattos de Lemos (Gaúcho) reivindicou ao reitor da Uerj a intermediação da administração central da Universidade junto ás instâncias de poder para que sejam efetivados os efeitos financeiros da lei 7.426/2016, que beneficiou a categoria de servidores técnico-administrativos e já deveria ter seus efeitos válidos desde o último dia 25/08/2017. Em resposta, Ruy Garcia Marques afirmou que irá questionar a Procuradoria Geral do Estado (PGE) sobre o tema, pois o órgão está analisando o processo em questão. Além de Jorge Gaúcho, o Sintuperj também foi representado pela coordenadora de Saúde e Segurança do Trabalhador, Simone Menezes Damasceno.