Projeto Cinco e Meia, do setor de Hemodinâmica do Hupe-Uerj, zera fila de procedimentos no setor público e salva vidas no Estado do Rio de Janeiro

Zerar uma grande fila de atendimentos eletivos de cateterismo em menos de um mês, praticando um tratamento humanizado e realizando intervenções e procedimentos que salvam vidas. O que parecia impossível visto à emergência da pandemia de Covid-19 e o acúmulo de tarefas por conta da rede de atendimentos reduzida no Sistema Único de Saúde, o SUS, foi conquistado com louvor pelo Projeto Cinco e Meia, do setor de Hemodinâmica do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Uerj (Hupe). Para conferir este trabalho, o Sintuperj esteve presente no setor de Imagem do Hupe no último dia 02/05, com a coordenadora geral Cassia Gonçalves Santos da Silveira e o delegado sindical Sintuperj-Hupe Alessandro Batista Barros, que atua no setor. Também esteve presente nesta visita o ex-coordenador geral do Sintuperj e atualmente conselheiro universitário Jorge Luis Mattos de Lemos (Gaúcho).

Iniciado em 04/04, sob a coordenação do Doutor Esmeralci Ferreira, professor associado da Unidade de Cardiologia e coordenador do setor de Hemodinâmica do Hupe, o projeto iniciou uma força-tarefa aumentando em 25% o número de atendimentos diários realizados (de 15 para 20 atendimentos diários), realizando procedimentos como angioplastia, cateterismo cardíaco, valvuloplastia, intervenções em pediatria, neurointervenção e radiointervenção.

O aumento de atendimentos fez com que a fila de pacientes a serem atendidos no setor público de saúde, que estava com mais de 100 pessoas, fosse zerada em duas semanas, o que só foi possível por conta da dedicação da equipe, que tem em torno de 60 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e radiologia, residentes, bolsistas e estagiários, realizando cerca de 300 atendimentos por mês, sendo quase 80 com angioplastias que demandam internação.

De acordo com o Dr. Esmeralci Ferreira, o início do projeto se deu para recuperar os atrasos ocasionados pela substituição dos aparelhos: “o projeto começou para suprir um período longo em que nosso aparelho estava sendo substituído. Ficamos pouco mais de 30 dias num período de instalação e testes. Havia uma demanda da Secretaria Estadual de Saúde com um número imenso de pacientes que estavam aguardando”. O coordenador do projeto ressaltou ainda que é necessário dar uma atenção especial a esses pacientes, que segundo o mesmo “vem das consultas, das clínicas da família, que muitas vezes apresentam indicação de angioplastia ou cirurgia cardíaca e, por isso mesmo, são muito sofridos”.

Ao mesmo tempo em que a força-tarefa do Projeto Cinco e Meia zerou a demanda de cateterismos eletivos, existe a intenção de que também se faça um atendimento para zerar fila para Angioplastia, carinhosamente apelidado de “Papa Angio”. Este projeto promoverá uma grande quantidade de atendimentos diários, ele proporciona aos pacientes o mesmo atendimento humanizado, mas no âmbito da intervenção. Os pacientes são liberados no mesmo dia do procedimento, podendo retornar à família, o que reduz o impacto das internações e possibilita uma recuperação mais rápida do mesmo, até em termos psicológicos.

Durante o Projeto Cinco e Meia houve fatos bem interessantes: “Quando a gente vê o paciente sorrindo, sendo bem tratado, perguntando se não tem fila, se o procedimento é rápido, se vai começar no horário… Pouca gente acredita. Mas às 05:30h em ponto eu e outros médicos residentes já estávamos conversando com os familiares enquanto a equipe já está preparando os pacientes para iniciar os procedimentos diários”.

Além dos procedimentos diurnos, o serviço funciona sete dias na semana, 24 horas por dia, atendendo casos urgentes que são encaminhados e regulados para a unidade. No caso de pacientes que são conduzidos para o setor e que tem a necessidade de uma intervenção imediata, os procedimentos são realizados e o mesmo é encaminhado para o setor chamado U-Point (Unidade Pós-Intervenção), que conta hoje com oito leitos oferecendo cuidados para situações de urgência. A média de permanência de cada paciente na U-Point é de três dias, e após isso os pacientes são encaminhados para cuidados em outros serviços. Existe uma aspiração de ampliação da Unidade Pós-Intervenção de oito para 50 leitos, o que daria conta de atender qualitativamente boa parte da demanda do SUS no Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o Dr. Esmeralci, o Projeto Cinco e Meia não vai parar nos atendimentos de emergência. Em seu segundo momento, que já está sendo iniciado, o mesmo está sendo estendido aos pacientes candidatos às angioplastias eletivas (aquelas em que a situação do paciente tem a possibilidade de ser regulada com terapia medicamentosa). Com a previsão de chegada de novos aparelhos, o que deve acontecer em breve, existem grandes possibilidades de ampliação do serviço, e para isso o projeto conta com a colaboração da gestão do Hupe e da Secretaria Estadual de Saúde.

É importante que a Uerj e seus setores, suas unidades e seus serviços se façam vistos e demonstrem cotidianamente sua importância para o Estado do Rio de Janeiro e sua população. Essa é uma das experiências que a Diretoria Executiva do Sintuperj tomou conhecimento durante a campanha de sindicalização, na qual seus coordenadores, delegados sindicais e colaboradores, como o ex-coordenador e atual conselheiro universitário Jorge Luis Mattos de Lemos (Gaúcho) estão diretamente em contato com os trabalhadores, promovendo reuniões setoriais e trocando experiências sobre a realidade dos trabalhadores em seu cotidiano. Histórias como a do projeto Cinco e Meia não devem ser apenas vistas como uma prestação de serviços, mas como iniciativas que jamais teriam êxito se não fosse a dedicação dos trabalhadores da universidade em prol de uma atuação de excelência para o povo fluminense.