Técnicos repudiam aumento exclusivo para advogados e cobram ação da Reitoria

Como não poderia deixar de ser, a revoltados servidores técnico-administrativos da Uerj deu o tom da Assembleia da categoria da última terça-feira (18/09). A indignação se deveu à medida cautelar concedida no dia anterior pela Justiça que permitiu o absurdo aumento de 185% nos proventos dos advogados da Uerj.

Para além do excessivo aumento em um cenário no qual diversas categorias do serviço público estadual conseguem – quando conseguem – reajustes ínfimos que sequer repõem a inflação, uma das principais críticas feitas pelos técnico-administrativos da Uerj é o fato desse aumento ser concedido de forma exclusiva. Os advogados da Uerj são técnico-administrativos de nível superior, cujo plano de carreira está atrelado à Lei 7426/2016, que estabelece o plano de carreira de toda a categoria técnico-administrativa da universidade. Dessa maneira, o aumento dado exclusivamente aos advogados fere a isonomia com os demais servidores administrativos, que deveriam fazer juz ao mesmo aumento.

Unanimidade também se viu nos diversos pronunciamentos ao atribuir ao reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, a responsabilidade não apenas pela concretização deste escárnio aumento dos advogados como por todos os problemas provocados aos servidores da Uerj, e consequentemente à universidade, pelos entraves colocados pelo jurídico da Uerj aos processos de enquadramentos e progressões. Dos integrantes da direção Executiva do Sintuperj à base do sindicato, todos criticaram a postura passiva da Reitoria, que sucumbiu às ações de sua assessoria jurídica que, inclusive, tentou junto aos deputados estaduais emendas que modificariam a Constituição estadual, acabando com a subordinação ao reitor. Já que ela na prática não existe há muito tempo.

Nesse sentido, após o fim da assembleia, a categoria se dirigiu à Reitoria para cobrar explicações e mesmo uma ação do reitor. Chegando lá, eles ficaram sabendo que Ruy Garcia Marques estava de férias, encontrando a vice-reitora Georgina Muniz no exercício da função. Um dos questionamentos feitos a ela foi o porquê de ela ter autorizado o cumprimento da medida cautelar que concedia o aumento aos advogados, uma vez que a decisão judicial estava nominalmente endereçada ao secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Fernandes Lourenço Gomes. A vice-reitora alegou ter cumprido por se tratar de uma decisão liminar, cujo cumprimento é imediato. Gaúcho, no entanto, classificou a decisão da vice-reitora como precipitada, uma vez que a liminar não a comprometia. E, dessa forma, a universidade poderia ter mais tempo para tomar alguma medida para impedir o aumento.

Outro questionamento feito pelos técnico-administrativos foi sobre qual medida que a universidade pretende tomar contra o aumento de 185% dos advogados. Georgina afirmou que não há nenhuma medida em pauta e que não sabe de que forma esse aumento poderá ser barrado. Em resposta, os servidores afirmaram que exporão publicamente à sociedade esse escárnio envolvendo o aumento exclusivo de 185% para os advogados da Uerj. Mas atentaram que essa situação pode, inclusive, respingar negativamente para toda a universidade, bem como para o reitor Ruy Garcia Marques, que perdeu o comando da Uerj.

Por fim, Gaúcho afirmou à vice-reitora que não gostaria que fosse ela a receptora dos servidores então indignados, mas que, como reitora em exercício, não havia como aguardar a volta de férias do reitor. Ressaltou ainda que os técnicos voltarão na semana seguinte para tentar falar diretamente com ele.