Vacina para todos e defesa do SUS público mobilizam trabalhadores no centro do Rio

O Fórum de Saúde do Rio de Janeiro, movimentos sociais e sindicais promoveram um ato público na Praça XV cobrando ampla e célere vacinação aos brasileiros contra a Covid-19 e em defesa do Sistema único de Saúde (SUS). De forma responsável e respeitando os protocolos de prevenção ao coronavírus, a manifestação foi programada para não provocar grande aglomeração. Cruzes foram colocadas ao chão em memória das mais de 250 mil pessoas que perderam a vida pelo coronavírus em um ano.

Na semana em que se completou um ano do primeiro caso registrado de contaminação, os manifestantes questionaram a condução do país pelo governo federal durante a pandemia. Ressaltaram que enquanto o mundo avança na vacinação, o Brasil caminha lentamente, inclusive com interrupções. Além disso, o presidente da República descartou o uso de vacinas ofertadas ainda em 2020 e apostou em medicamentos sem qualquer comprovação científica de eficácia.

Em uma das intervenções, a coordenadora geral do Sintuperj Cássia Gonçalves destacou que o Brasil tem potencial para fabricar e até mesmo exportar vacinas, criticando a falta de providências do governo nesse sentido, além da própria demora na aquisição de insumos para a produção de vacinas. Ela lembrou que a vacinação dos grupos prioritários no Hospital Universitário Pedro Ernesto não alcançou a todos os integrantes do grupo prioritário, e na Policlínica Piquet Carneiro sequer houve vacinação. A coordenadora geral do Sintuperj Regina de Souza também esteve presente.

Os trabalhadores também criticaram a transferência de pacientes de Manaus sem o devido planejamento para os demais estados, o que pode ter contribuído para a disseminação da variante brasileira do coronavírus, com maior poder de transmissão, e cujo primeiro aparecimento se deu no estado do Amazonas e que agora já se encontra em outros estados.

Acerca da condução da pandemia pelos estados e municípios, foi ressaltado que nenhuma medida efetiva foi adotada no sentido de impedir aglomerações nos transportes públicos, como por exemplo alteração dos horários comerciais para não haver tanta concentração nos horários de rush. Em contrapartida, e de forma irônica, houve críticas à solução adotada pelos estados de decretar o fechamento de comércios e restrição de mobilidade no período da noite, tratando o vírus como “boêmio”.

Além das intervenções verbais, quem passava pelo local também recebia panfletos que faziam referência à importância da manutenção do SUS como um sistema público de acesso à Saúde, que salvou milhões de vidas afetadas pela Covid-19. O que falta, por exemplo, aos Estados Unidos, cujo sistema de Saúde é privado e a dificuldade de seu acesso contribuiu para que este país tenha o maior número de mortes por milhão de habitantes. Nesse sentido, os trabalhadores questionaram o sucateamento do SUS, que ganhou mais um capítulo com a chantagem do governo federal de condicionar o retorno do auxílio emergencial ao fim do percentual mínimo de investimento em Saúde e Educação.

Diante de um cenário de falta de vacina, oxigênio, emprego, auxílio, aumento do custo de vida e de transporte os trabalhadores afirmaram que não há como esperar até 2022 [ano de eleição], conclamando à sociedade à luta desde agora.

Ao final da manifestação, foi feita a leitura de uma carta com 13 pontos de exigências para o enfrentamento à pandemia da Covid-19, debatida publicamente pelo Fórum de Saúde, e que será entregue aos governos federal, estadual e municipal, além da Defensoria Pública e ao Ministério Público. Em seguida, os trabalhadores foram em passeata até o Ministério da Saúde, onde as cruzes que compuseram o ato público foram deixadas como sinal de protesto.